sexta-feira, outubro 19, 2007

Tristes Verdades



Se viermos a fazer uma avaliação de como está o "sistema de ensino" no Brasil, teríamos antes que avaliarmos como está o “sistema” no Brasil. Consideramos que o sistema corresponde à máquina pública que agrega milhares de trabalhadores. Quem viu o polêmico filme “Tropa de Elite”, percebe que o maior problema não é a segurança do cidadão. O grande problema brasileiro está na estrutura do sistema. A grande verdade é que o sistema brasileiro, a máquina pública que é sustentada pelo dinheiro dos impostos, está a serviço dela mesma.
Não é nada absurdo constatar que os funcionários públicos consideram estar fazendo um favor para a sociedade, tal e qual o seu patrão deixa passar por ocasião da época das eleições. Candidatos vão para a mídia dizer que estão ali para resolver todos os problemas da sociedade: educação, saúde segurança. Eleitos esquecem tudo o que prometeram e passam a garantir a continuidade do próximo mandato.
Dentro das Escolas seria ideal o pensamento que todos unissem forças para o bem-estar do aluno e condições para que o professor conseguisse ter as condições de trabalho necessárias para que o bem realizasse, porém o que se vê são os setores e pessoal de limpeza e merenda preocupadas em marcar as suas “folgas” que por lei não existem senão não assinariam o livro-ponto no dia da suposta “folga”. A falta de cuidado com os equipamentos pertencentes à Escola e a não manutenção das mesmas. As constantes faltas de funcionários que muitas vezes não cumprem a carga horária determinada por lei, a fraude de anotação de dias letivos quando na realidade não são cumpridos (sábados que dizem ser trabalhados e não são). A rotina se determina em função das necessidades e desejos dos funcionários e não em função do aluno, motivo e razão de existir “escola”.
Enfim, é neste ambiente que preciso fazer o meu trabalho e desempenhá-lo da melhor maneira possível. Desviar ou não atenção das crianças destas situações duvidosas? Considerar tudo normal apesar de estar contra tudo que eu acredito em termos de valores, responsabilidades, honestidade? Resta-me, reservar-me a minha sala de aula, afastando-me da idéia de comunidade escolar e buscar suprir de alguma forma as deficiências que a escola apresenta perante as crianças.
É nisto que pretendo me deter ao dissertar sobre as mudanças e progressos que tenho sentido no contexto do meu curso e da minha sala de aula e principalmente em relação aos meus sonhos e os meus ideais.
Considero importante expor que já há alguns dias tenho este texto dormindo nos arquivos do meu computador e como uma luz de inspiração recebi a recomendação da professora Bea de assistir um filme “Escritores da Liberdade” e após vê-lo, senti renascer uma esperança que por muitas vezes estava sentindo perdida.




Um comentário:

Beatriz disse...

Neusa querida, tu sabes que eu concordo sempre com o que colocas, pois és capaz de convencer e me fazer compreender pelos detalhes e argumentos. Mas, fiquei com uma pontinha de angústia qdo dizes que vais te recolher a tua sala de aula afastando-te da idéia de comunidade escolar!! Minha amiga, reflete um pouco mais!! Claro que temos que começar pela nossa turma mas será que ela existe sem o entorno? Será que , por mais bravura que eu tenha posso anular os efeitos do sistema e da sociedade? E será que eu devo anular? Um abraço
Bea