segunda-feira, maio 25, 2009

Educação? Como?


Não costumo repetir atividades aqui no blog, mas como achei relevante o conteúdo e no blog torna-se mais acessível para leitura, aqui estou postando.


Ao pensar sobre a relação que poderia fazer entre a educação, civilização e barbárie, lendo o texto indicado, senti algumas angústias ao confrontar certas semelhanças em atitudes e fatos descritos e comentados no texto com a realidade em que trabalho e praticamente passo a maior parte da minha semana. Moro muito próximo da Escola e por conseqüência apesar das separações que são estabelecidas pela nossa sociedade como vilas e condomínios, faço parte desta comunidade cheia de diferenças culturais, financeiras e infelizmente, em conseqüência, sociais também.

Não só nesta realidade, mas também na realidade que se assiste diariamente nos meios de comunicação onde se pensarmos bem não se distancia muito dos horrores de uma guerra e de uma exterminação em massa.

Se pensarmos que os torturadores dos judeus eram como menciona o autor “filhos de camponeses”, necessário se faz pensar nos movimentos dos “sem terra” e nas escolas de acampamentos que, segundo alguns meios de imprensa documentaram que eram ensinadas práticas de guerrilhas. Da mesma forma em que se pensarmos nos políticos que povoam as páginas dos jornais, os quais têm em suas relações grande número de vínculos que lhes são úteis para as suas manobras escusas e propiciam uma ascensão financeira e social aos que lhe servem.

Nossos campos de futebol que necessitam de uma constante vigilância através de campanhas para que haja mais paz nos estádios, e muito próxima, certa classe mais favorecida celebra rituais de ingresso na faculdade através de trotes que agridem calouros ou os submetem à humilhação. Enfim, são todos motivos que favorecem uma inquietação e uma sensação de impotência frente a tantos acontecimentos.

O que eu, professora de séries iniciais posso contra tudo isto? Alunos meus tem pais presidiários (quando os tem), pessoas na total ignorância que podem ser levados facilmente a uma manifestação mais agressiva se forem convencidos que desta forma tudo se resolve.

As pessoas já se sentem tão agredidas que quando são chamadas para uma conversa chegam agredindo primeiro, pois já estão cansadas de tanto sofrimento. Até porque esta geração, pais de alunos, é uma geração que sofreu muito os desvarios dos governos, frequentemente sendo impedidas de ter uma vida digna. Nossos educandos nasceram e cresceram dentro da violência onde moram, e muitos, não conseguem enxergar a vida com outros olhos.

Acredito e provavelmente sempre vou acreditar na educação como uma forma de modificar o mundo. Acredito na educação ministrada com amor, como fala o autor e também com firmeza, proporcionando o direito a questionamentos que os levem a contradição e não a submissão, defendendo-se das artimanhas e armadilhas que lhes são oferecidas quase que diariamente para desta forma evitar que venham a ser manipulados. Conhecer a história e mais que isso, permitir que sejam críticos, auto-reflexivos e possuam autonomia para discorrerem e decidirem conforme os seus pensamentos e convicções, analisando inclusive a realidade existente entre eles, seus relacionamentos e suas perspectivas

Para isto é preciso estar preparada para ser um mediador e não aquele que é o dono da verdade. Precisamos ter em mente que o importante é buscarmos cidadãos críticos, confiantes e não cidadãos agressivos que possam vir a subjugar outros cidadãos mais indefesos.

Penso, concordando com o autor que esta é forma de tentarmos modificar os sentimentos que a criança desenvolve dentro da comunidade violenta em que vive. Entretanto, é preciso mais que isso para acabar com a barbárie existente no nosso século. Fala isto não só na violência do homem contra o homem, mas também na forma autodestrutiva que o homem tem criado o seu extermínio através da destruição da natureza.

Há muito a ser feito para que não terminemos com um holocausto muito maior do que o que já houve.

Leitura: Educação após Auschwitz reproduzida de Adorno,T.W.


Um comentário:

ROSAURA KARST disse...

Oi
Neusa
Muito interessante o teu relato desabafo creio que todos os educadores com E maiúscula sentem na pele esta angustia, mas ainda é tempo para mudar e isto depende de nos com nossos exemplos com nosso amor.
Beijos
Rosaura