domingo, abril 25, 2010

E então...


“Professora, a última vez que eu vi ele...Bah! Ele sentado, a perna que ele levou o tiro, a bala estava lá dentro ainda e era uma ferida só. Ele estava com o rosto todo machucado de apanhar. Ele tava na “pedra”(crack). As moscas ficavam rondando em volta dele. Terminou que mataram ele porque devia e atiraram o corpo dele no rio”. Esta foi a descrição que L.V.C.M.(10 anos) fez de um aluno que esteve comigo durante três anos, pois além de todos as adversidades que sofria como a perda da mãe, o pai violento, a miséria e a falta de perspectiva, tinha sério problema de déficit de atenção. Sem contar que a Escola não possuía ou não se interessava em dar qualquer apoio pedagógico para alunos com problemas de aprendizagem.

Volto a me perguntar, qual é o meu papel na vida destas crianças? Certa vez li em um artigo, a seguinte questão: "Como criar consciência de preservação do meio ambiente nas comunidades carentes onde a maior preocupação é a sobrevivência? Cuidar para que a casa não seja destruída em um temporal mais forte e torcer para que a pessoa que se encontra doente consiga sobreviver até a consulta marcada para daqui a um ano se realize?"

Perguntas? O que as crianças querem saber? Pelo quê, eles têm curiosidade?

Um comentário:

Beatriz disse...

Acho que chegastes ao ponto mais sério e fico feliz de que ai já estás. Estás te perguntando fortemente e tendo uma tomada de consciência muito dolorosa do panorama atual da escola e da vida como um todo. O que afinal eles querem? O que afinal eles precisam ? Como posso ficar sabendo disso? Como posso ajudá-los? Pensa no nosso curso que tb sempre esteve tentando oferecer alternativas para essas questões.
Um abração
Bea