
A tragédia do avião da TAM permite uma reflexão sobre as condições de trabalho que são oferecidas aos trabalhadores brasileiros. Lendo um artigo do Médico Aloyzio Achutti escrito nas páginas dos Editoriais da Zero Hora do dia 20 de julho, voltou-me a memória o comentário de meu filho um dia depois do acidente quando os meios de comunicação preocupam-se em tentar achar culpados para o acidente. Lembro-me que ele disse: “Mãe, vão culpar o que morreu porque ele não pode falar”. Continuava ele: “Até pode ser que ele tenha cometido um pequeníssimo erro, mas tudo era no limite. As coisas são permitidas até o limite independente do que as pessoas que estejam operando digam. A pista estava em condições de limite, a água estava na medida do limite, o nº de passageiros era no limite, o peso era no limite, o avião estava dentro dos padrões do fabricante também no limite e as pessoas não podem errar, não tem como determinar que uma pessoa esteja no limite ou não permitem qualquer alternativa para que a pessoa possa passar daquilo que estabeleceram que é o seu limite”. Torna-se amargo o gosto ao ter-se que digerir isto. Tudo pode estar no limite e o ser humano deve seguir as regras dos limites e não tem qualquer outra opção porque até as opções que lhe são permitidas não lhes proporcionam como seria o caso do arremesso.
Assim estamos vendo todos os setores aqui no Brasil. A saúde acima do limite (basta vermos a lotação dos hospitais), a educação acima do limite (sem docentes capacitados, sem condições de trabalho nas escolas), a segurança, nem vale a pena repetir o que o povo brasileiro todo reclama, nossas crianças sem uma infância de fato e assim vamos listando uma infinidade de seqüelas que a nossa sociedade assiste incrédula neste momento em que todas atenções estavam voltadas para o Pan, esquecendo os escândalos do Congresso e para completar da nossa Assembléia que sempre se apresentou dentro das possibilidades tão correta. E agora? Vamos exercitar o limite da nossa aceitação?
Algo preciso aprender com isso e vou me policiar e revisar se também não estou usando o limite como medida em minhas atividades e compromissos. É preciso aprender algo com toda esta tristeza; acontecimentos como estes não podem se transformar em banalidades como já se tornaram as balas perdidas em regiões de traficantes.