
Não é novidade, de tempos em tempos, como educadores sermos sacudidos com uma manchete de jornal deste tipo ou quem sabe até bem pior. Exercemos nossa profissão na maioria das vezes, como professores de Escolas Públicas em regiões de periferia, com muitas carências, miséria (pois se torna até ridículo dizer que é pobreza), marginalização,
e por conseqüência regiões que são invadidas por tráfico e drogas.
Insistimos em não colocar nas palavras as realidades que existem em nossos pensamentos não sei por ingenuidade, burrice ou por medo de assumir a verdade.
A verdade é que muitos de nós professores, não só, mas principalmente do serviço público se vê na dura situação de saber que tem em aula muitas vezes crianças drogadas, que se prostituem, que cometem pequenos e grandes delitos para conseguirem as drogas e que estão convivendo junto com outras inocentes, com famílias bem estruturadas e que ainda não descobriram este lado negro da vida e parece que são culpadas por poderem aproveitar a infância como de fato merecem e têm direito.
Não que os condene por se verem obrigadas desde cedo a enfrentar este lado sujo desta sociedade que há muito tempo esqueceu o que é ser criança, mas porque estou sempre me perguntando. Será que o Estado ao pensar em educação está pensando na sua responsabilidade com a prevenção de casos assim? Será que as Direções de Escola tão preocupadas com as verbas que não são suficientes estão pensando qual o seu papel para tentar se não resolver, amenizar o sofrimento e ansiedade dos professores que se vêem nesta triste situação de ver e ter que fazer que não vê porque sempre que procuram auxilio nunca encontram.Deparam-se apenas com o famoso lema da “inclusão” e a ameaça do conselho tutelar de “criança em sala de aula” seja prostituída, drogada ou infratora.
Enfim, neste caso tudo parece ter acabado bem. Menino internado por bondade de uma clínica que se tornou conhecida. A governadora foi às páginas do jornal e anunciou um convênio com o governo federal. Assunto para dois ou três dias ocupando as páginas dos noticiários com retrospectivas, tratamentos alternativos, outros casos e prováveis desfechos.
Pronto caiu no esquecimento até que outra mãe, eleitora, diarista, faxineira ou operária ou até mesma uma mãe que se dedica só a cuidar dos filhos ou não seja obrigada a acorrentar o próprio filho para que ele não morra.