Acredito que esta será a última semana de compromissos com o curso de Pedagogia modalidade Educação à Distância que comecei há 4 anos e meio. Tempo de muito trabalho, superação, disciplina e muita, mas muita força de vontade.
Enfrentar uma graduação com a minha idade foi algo que jamais havia sequer passado pela minha cabeça. Foi uma época de reavivar um pouco do idealismo que me acometia no começo de minha carreira profissional.
Devo confessar que foi uma grande e produtiva experiência tanto para as conquistas alcançadas quanto para os fracassos superados.
“Ser aluna” foi interessante para que eu pudesse me identificar melhor com os meus alunos e assim tentar entender as suas expectativas em relação à escola e aos professores. Entender o pouco interesse em algumas tarefas aplicadas e exigidas e o grande entusiasmo em outras.
Nada melhor que sermos avaliados para sabermos avaliar e melhor ainda ser julgado para saber julgar. Intercorrências que me impediam de dar mais nos meus trabalhos, da mesma maneira meus alunos possuíam impedimentos que não os permitiam que respondessem as minhas expectativas.
Enfim, tudo foi um aprendizado que espero levar para o resto da minha vida.
Preciso registrar a grande admiração que aprendi a ter pela professora Bea e pela professora Íris e agradecer com muito carinho a atenção e a amizade que recebi da tutora Maura.
Falar sobre o que foram estes últimos quatro anos e meio, precisaria quase que escrever um livro.
Sinto que foi quase uma transformação de larva em borboleta. Digo isto no total sentido da comparação. Por motivos que não interessam serem colocados aqui e agora, vivia em uma forma de reclusão e a partir do momento em comecei o curso e a construção do blog passei a me fortificar com os conhecimentos, com o contato com os colegas e suas particularidades.
A convivência semanal através da Internet com professores e tutores, as exigências, as minhas limitações, me forçavam a superar os obstáculos que se apresentavam tanto no curso como na minha vida.
Jamais poderia imaginar que eu conseguiria fazer uma graduação trabalhando 40 horas em sala de aula.
Devo confessar que realizar este curso deu um motivo para minha vida. Terminá-lo seria uma questão de honra. Entretanto como toda a jornada por um objetivo encontraremos alegrias e tristezas, sucessos e fracassos. E assim aconteceu.
Neste tempo pude refletir sobre a minha vida, meu trabalho, meus objetivos alcançados e não alcançados. Conheci várias pessoas, li vários autores, várias teorias. Senti-me cada vez mais fascinada por Paulo Freire e sua fala. Identifiquei-me com autores que acreditam num futuro melhor através da Educação e com uma metodologia mais moderna, mais próxima da nossa realidade de injustiças sociais. Pude adquirir um amplo conhecimento de tecnologias digitais e no vasto aproveitamento da Rede Internacional de Comunicação no campo educacional, conhecimento que pude aplicar nas minhas aulas e ter o privilégio de inserir vários alunos meus nesta nova era.
Ao mesmo tempo confirmei que estamos numa crise de valores, de falta de ética, de carência de professores comprometidos com a educação. Comprovei uma falência por parte do Estado no que se refere à educação. Não consegue fiscalizar e controlar diretores, professores, funcionários e por causa do corporativismo, denuncias de pais ficam vazias, sem solução.
Enfim, voltando a borboleta, todos estes acontecimentos fortaleceram-me para transformar em uma borboleta ( concluir o curso de graduação), mas como a borboleta que tem uma vida muito curta, estas maravilhas adquiridas no curso, em função das influências externas e fora do meu controle provavelmente serão exterminadas, impossíveis de serem alcançadas.
Ao trabalhar com o tema “Semana da Consciência Negra”, fizemos um projeto onde fizemos pesquisas de personalidades negras no Brasil e no Mundo. O trabalho foi feito unindo tecnologia e produção textual. Em mãos com a pesquisa de biografias de personalidades negras retiradas da Internet, os alunos elaboraram fichas resumidas das mesmas onde continham dados principais e destaques. Com o programa Dumpr.net foi feita uma transformação nas fotos das pessoas pesquisadas e montamos um mural com as fichas a disposição para as pessoas lerem caso tivessem interesse e curiosidade.
Para realizar este trabalho com a 4ª série e o trabalho do 2º ano que foi a Colcha de Retalhos da Diversidade, me inspirei em trabalho realizados na Interdisciplina “Questões Étnico-Raciais na Educação, Sociologia e História”, eixo VI.
Algo marcante neste trabalho foi o fato das crianças comentarem que as personalidades pesquisadas em sua grande maioria haviam se destacado nos movimentos pela igualdade entre brancos e negros. Ficou marcado para eles a luta dos negros pela igualdade.
O eixo VIII do curso foi o momento do nosso estágio. Foi uma experiência interessante fazer um estágio após tantos anos de magistério. Uma forma de verificarmos como estávamos exercendo a profissão dentro da modernidade.
A orientação da professora e tutora foi muito importante para definirmos o trabalho e darmos andamento a ele. Suas visitas também, pois era uma forma de nos estimular e valorizar visto que na escola pública os professores são valorizados ou desvalorizados da mesma forma e podermos contar com alguém que examina, critica e incentiva o trabalho traz um novo sentido para o que acreditamos.
Pude desta forma por em prática um tipo de trabalho que acreditava, porém não tinha argumentos e embasamento para aplicá-lo. O estágio me permitiu isto e permitiu uma forma de mostrar que funcionava e, portanto continuar a aperfeiçoá-lo.
Ao reler as minhas postagens do ano que passou (2009) relembrei um trabalho que realizei com as crianças, influenciada pela interdisciplina “Linguagem e Educação”. A atividade era sobre a linguagem utilizada em vários jornais da capital e os objetivos que queriam atingir com aquele tipo de linguagem. Lembro do entusiasmo que participaram desta atividade o que me surpreendeu, pois não tinha noção do entendimento deles na interpretação das intenções da imprensa. A verdade é que nossos alunos nos surpreendem a cada dia e isto é muito gratificante.
“A avaliação apreciativa propõe ver a realidade no seu lado mais promissor e na sombra dessa luz projetada, descobrir com competência e ética o que deve ser corrigido e de fato corrigi-lo". (Thereza Penna Firme)
Avaliação sempre foi um “problema” para mim neste meu tempo de magistério. Como e o que avaliar no desenvolvimento de um aluno? Se ele demonstrou crescimento? Se ele responde todas as perguntas de maneira correta e como eu quero? Ou como ele entendeu que fosse? Avaliar como eu quero que ele chegue a uma resposta de um problema ou se ele buscou, criou formas de chegar à solução?
Para mim foi essencial conhecer e trabalhar com a avaliação do trabalho numa perspectiva inclusiva e apreciativa, fazendo observações individuais e em grupos, proporcionando auto-avaliações, levando em consideração procedimentos em trabalhos, interesse e criatividade na busca de soluções e principalmente se houve crescimento durante o período de trabalho.
